Estudantes da Escola Estadual Cilon Rosa, uma das maiores de Santa Maria em número de alunos, ocuparam o prédio da instituição nesta quinta-feira. Os estudantes apoiam o movimento grevista dos professores e reivindicam mais investimentos na educação e na escola. Conforme relato de uma estudante, ao Diário, dias atrás, a instituição passa por muitas dificuldades:
– A situação do nossoensino está bem complicada, além do salário dos professores estar sendo parcelado, há também a falta de verbas. Nós não temos lanche e, quando temos, é porque a direção do colégio se dobra em mil pedaços para conseguir comprar algo com R$0,30, que é o que recebemos para podermos nos alimentar durante a aula. Não temos também material de limpeza. Veja só, em um colégio grande como o Cilon Rosa não há nem papel higiênico nos banheiros. Outro problema que enfrentamos é a falta de materiais didáticos. Não temos nem papel sulfite A4, nem tinta para impressão de provas, nem giz, sabe o que é um colégio não ter giz? É um absurdo – disse a adolescente, que é aluna do 3º ano do Ensino Médio da instituição.
Veja a situação de cada escola estadual de Santa Maria
Nesta tarde, os estudantes pediram, por meio de uma página no Facebook chamada Ocupa Cilon Rosa, que fossem doados alimentos para os que permanecem no prédio. Na lista, há itens como arroz, polenta, óleo, massa, lentilha, molho de tomate, café, erva-mate, frios e legumes.
Em comunicado divulgado na noite desta quinta-feira, os secundaristas do Cilon Rosa explicam o motivo da ocupação:
"O motivo pelo qual ocupamos a nossa escola é a busca por uma educação gratuita e de qualidade, a valorização dos nossos educadores, e contra a privatização e a precarização que a escola publica vem sofrendo e que está atingindo diretamente nossas escolas. Estamos nos organizando a partir de reuniões para planejar junto as próximas ações e atividades que irão ocorrer durante a ocupação. Estamos organizados em 5 comissões: comissão de segurança, limpeza, comunicação, alimentação e cultural.".
Na Região Central, além da ocupação do Cilon Rosa, estão ocupadas escolas em São Gabriel, Caçapava do Sul e em Jaguari.A Secretaria de Educação do Estado divulgou uma nota garantindo que não irá tratar as ocupações como "casos de polícia". A SEC comunica que "tem buscado o diálogo com as direções e os alunos, para conhecer a pauta de reivindicações" e na maioria das vezes, "trata-se de justas contribuições ao processo de melhoria da qualidade da educação pública. As demandas apresentadas são atendidas na medida do possível".
Diante do crescimento no número de ocupações de escolas no Estado (são 29 em todo o Rio Grande do Sul), um grupo de estudantes ligado ao PSOL criou um manual para ocupar escolas no Rio Grande do Sul. O documento divulgado nas redes sociais traz o roteiro para a mobilização em instituições e a realização de manifestações de rua.